sexta-feira, 26 de outubro de 2012

é esta dualidade que tipifica a minha unicidade

Na explosão de emoção, o corpo exprime.
Na nulidade de emoção, o corpo exprime.
Vive-se desta dualidade.
Vive-se nesta dualidade.

Se te quero, não posso.
Se posso, não quero.
Vive-se desta dualidade.
Vive-se nesta dualidade.

O cristalino da dualidade torna-nos vulneráveis aos poderes/quereres e poderes/fazeres dos outros.
Nem sempre nos são oferecidas as oportunidades de querermos o que podemos.
Ou podemos, mas não queremos.
Ou queremos e não podemos.

Não sei porque estranho a tua dualidade.
Não me conheces mas queres-me.
Queres-me porque anseias conhecer-me?
Queres-me porque queres descobrir o meu tanto querer?
Queres conhecer a minha explosão de emoção na expressão do corpo?

Surgiu-me clarividência!! Não há dualidade em ti. Só em mim e em ti que existes em mim. Eu não me conheço e transponho as minhas dúvidas sobre ti para uma dualidade nunca nascida. Leio em ti o modo como lês o mundo.

Para ti, somos hólon, em que a própria intersubjetividade e relatividade oferecem o sentido, e encontram a unidade tudo, começando em nós.
Para ti, queres-me! e podes.
Para ti, queres-me para me descobrires em explosão de emoção na expressão do corpo.
És claro.
Vês com clareza.

 Eu verei sempre tudo entre uma dualidade incandescente que me enevoa o discernimento e eventualmente te agita a tua afincada clareza confortável.

Hoje, ao ter-te em mim vislumbras o exagero. A luxúria.
Amanhã, ao ter-te em mim sentes a suavidade do romance - que provavelmente transbordará, também, em exagero.
Ter-te em mim, será, sempre, uma troca de toques secretos únicos. Como se em tela nos visse, mas nunca pintada e jamais levada à obra encenada.

Sou assim. Poesia em tudo o que penso e questionamento sobre tudo o que fiz, não fiz e poderia ter feito.
Contudo, também, é esta a dualidade que tipifica a minha unicidade.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

expressão do corpo. explosão da emoção.


sensual. artistico. expressão do corpo. explosão da emoção.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

como poderás ver-me, se estou ali?

sou coberta pela vontade de te segredar...
ainda agora aqui estás, e já sou só saudade balofa, em alma anorética. já  nada mais resta de mim, contigo aqui, pensando o que será de mim sem ti.
apetece-me provocar-te e perguntar-te se queres um bólus de intumescimento de ego?
tenho saudades de ti, só de pensar do que será de mim quando dás um passo em frente, a caminho da porta. e atrás dela, só não te vejo, mas vejo o sopro, que sopra sempre, e tanto, para o amanhã, que nunca mais alcanço o seu vislumbre e o teu semblante.

o tempo desagrega-se em mim, sobre mim.
só amanhã te verei.
e nunca mais me chega o amanhã.
mas porque o quero? se hoje não cruzaste o teu olhar com o meu, amanhã nada mudará, e só intumescerá a solidão que há em mim, sabendo que nunca serás meu.
ai!, nunca serás meu!, -  repito-o, para a verdade ser parte de mim. nunca serás meu,  mesmo que sinta o teu beijo. o teu beijo só me é entregue, porque to ofereci. o teu beijo só repousou sobre os meus recetores e ressuscitou os meus sentires, porque eu estava ali.
parece que sinto o rasgar do desprezo lançado no teu olhar. mas porque não o deverias sentir? porque haverias de pensar em mim e ver a pessoa que sou quando estou ali?
como poderás ver-me, se estou ali?

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

não escrevo sobre nós



escrevo sobre nós.
sempre fora uma compulsão escrever sobre o que não sei o que sinto enquanto emoção.
quando não sei o que escrevo, parece que vislumbro a clareza da emoção contida, até mascarada.
sempre fora uma compulsão escrever sobre o que sei que sinto enquanto humidade quente, não liberta pelas glândulas sudoríparas.

só consigo escrever, quando deixo de tatear a coerência e sensatez e passo a tatear o teu corpo e descubro a geografia do nosso corpo como um uno, mas sempre divisível no fim do que nunca começou.

sempre deixei dançar o pensamento nas fantasias e reportei-as como o indizível ao mundo, fazendo crer, não estando certa de querer ou não, que não sou eu que as grito.

sentada, frente à chuva que não sobe, sobe o meu rejubilo de ter memória mesmo do irreal. não lhe chamem sonho. é irreal, pois não se passou no plano temporo- espacial que todos conhecemos (ou não!), mas sempre foi real para mim, porque assim tanto o desejo.

escrevo sobre nós?
escrevo sobre o que não sei de mim, quando estou junto ao que acho que somos nós.
não escrevo sobre nós.



Como fugir do inevitável que nos persegue e desespera?
Não olho, mas vejo.
Não oiço, mas sei-o.
Não falo, mas falam-me.
Nem consigo fugir.
Nem fugir consigo, nem contigo.

Como fugir da crise?...
porque faço parte da solução senão faço parte do problema?
Porque nos trouxeram o que quiseram....
 e sarcástica e ironicamente proferem que têm de nos levar o que não queremos e já não temos?

Nem consigo fugir.
Nem fugir consigo, nem contigo.