sexta-feira, 23 de agosto de 2013


O sonho da tua presença ocupa espaço deixado pela vastidão da saudade largada pela distância da tua presença. Hiatos em mim ficam intumescidos pelo sonho até quase preenchidos, mas quando resvalo para a descrença decaio  até inflamação já caquética.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

agora aqui estou eu


"Oiço lana! Só podia estar a ouvi-la para não mais escutar o eco do desfolhar das memórias que quero esquecer.

Oiço lana! Só podia estar a ouvi-la para reter o aprazível de te ter em mim.

Parece que a minha retina ganhou memória, e
O teu último sorriso contido no teu olhar ficou retido em mim…
Este cenário não é ficção idealizada. Este cenário não é capricho das divagações. Este cenário não é devaneio tão desejado. 
É memória! É memória! Que nem precisa de ser engavetada, pois está sempre a ser recapitulada.
Mas, também, posso dizer: é apenas memória - de momentos que se esvoaçaram no espaço temporal.
Óóhh!! Que digo eu! (entrego-me  ao doce engano que tanto me afaga os devaneios em desânimo), se sei que a memória copia o poder da matéria no espaçotemporal. faço da memória o que faço com os meus átomos. Posso mudar tudo, e trago o passado para o presente, e o lá para cá….e perpetuo….

O tempo e espaço têm uma relação de reciprocidade indivisível- é de senso comum, bem sei. Como também é sabido que a matéria deforma a curva espaço-tempo. Mas para mim, o intrigante é  pensar sobre o pensamento, em registo de memória, integrado e articulado no espaço-temporal, como se de um uno, também, se tratasse. Quando estou entregue às memórias, sem já estar de corpo presente no espaço-temporal em que estive contigo, sem ter a matéria a estabelecer os parâmetros, como posso mudar os eixos? A verdade é que mudo os eixos. A verdade é que mudo os parâmetros. Se quero esquecer o eu no espaçotemporal, consigo alarga-lo ou estreitá-lo, conforme o masoquismo do momento. Se quero lembrar o eu no espaçotemporal, consigo, sempre, alargá-lo. Sempre.

agora aqui estou eu - e reparem que mais uma vez o espaço e tempo estão contíguos, a partilhar a mesma linha- a relembrar o ontem, em que já lá não estou, mas mesmo assim a ordem de sucessões e de coexistências as faço transmudar.
A memória copia o poder da matéria na linha espaçotemporal? Átomos que coabitam no espaçotemporal, é inteligível que tenham comportamentos promíscuos e todos se toquem e se deixem ser tocados. Mas a memória não é materializada e  a verdade é que estou contigo eternidades…e longe de ti eternidades…..(e o perto/longe tornam a partilhar o mesmo leito da eternidade) ……

Enfim, penso. Não!; permitam-me a correção desta afirmação inconsistente: enfim, penso pois nada sei, - pois é sabido que o pensamento sendo um mecanismo de penetrar no desconhecido, uma forma de trazer algo para a tela mental , é sinónimo de ignorância.
Só sei que o teu último sorriso contido no teu olhar ficou retido em mim…"