"Oiço
lana! Só podia estar a ouvi-la para não mais escutar o eco do desfolhar das
memórias que quero esquecer.
Oiço lana! Só podia estar a ouvi-la para reter o
aprazível de te ter em mim.
Parece que a minha retina ganhou memória, e
O teu último sorriso contido no teu olhar ficou retido
em mim…
Este cenário não é ficção idealizada. Este cenário não
é capricho das divagações. Este cenário não é devaneio tão desejado.
É memória! É memória! Que nem precisa de ser
engavetada, pois está sempre a ser recapitulada.
Mas, também, posso dizer: é apenas memória - de
momentos que se esvoaçaram no espaço temporal.
Óóhh!! Que digo eu! (entrego-me ao doce engano que tanto me afaga os
devaneios em desânimo), se sei que a memória copia o poder da matéria no
espaçotemporal. faço da memória o que faço com os meus átomos. Posso mudar
tudo, e trago o passado para o presente, e o lá para cá….e perpetuo….
O tempo e espaço têm uma relação de reciprocidade
indivisível- é de senso comum, bem sei. Como também é sabido que a matéria
deforma a curva espaço-tempo. Mas para mim, o intrigante é pensar sobre o pensamento, em registo de
memória, integrado e articulado no espaço-temporal, como se de um uno, também,
se tratasse. Quando estou entregue às memórias, sem já estar de corpo presente
no espaço-temporal em que estive contigo, sem ter a matéria a estabelecer os
parâmetros, como posso mudar os eixos? A verdade é que mudo os eixos. A verdade
é que mudo os parâmetros. Se quero esquecer o eu no espaçotemporal, consigo
alarga-lo ou estreitá-lo, conforme o masoquismo do momento. Se quero lembrar o
eu no espaçotemporal, consigo, sempre, alargá-lo. Sempre.
agora aqui estou eu - e reparem que mais uma
vez o espaço e tempo estão contíguos, a partilhar a mesma linha- a relembrar o
ontem, em que já lá não estou, mas mesmo assim a ordem de sucessões e de
coexistências as faço transmudar.
A memória copia o poder da matéria na linha
espaçotemporal? Átomos que coabitam no espaçotemporal, é inteligível que tenham
comportamentos promíscuos e todos se toquem e se deixem ser tocados. Mas a
memória não é materializada e a verdade
é que estou contigo eternidades…e longe de ti eternidades…..(e o perto/longe tornam
a partilhar o mesmo leito da eternidade) ……
Enfim, penso. Não!; permitam-me a correção desta afirmação inconsistente: enfim,
penso pois nada sei, - pois é sabido que o pensamento sendo um mecanismo de penetrar no
desconhecido, uma forma de trazer algo para a tela mental , é sinónimo de ignorância.
Só sei que o teu último sorriso contido no teu olhar ficou retido em mim…"