terça-feira, 17 de julho de 2007

Antes do abrir da porta

estou encostada à parede. passo a mão para sentir sua textura. é rugosa. imagino que me lanças com fogosidade contra ela. não tem pregos. não me deverei ferir. sim!, aqui podias-me encostar com força e abrir-me a camisa. vejo o chão e parece-me escorragadio. ah, se calhar quando chegares a casa atiras-me para o chão e levantas-me pela bacia. faltam-me almofadas aqui, penso. vou caminhando. chego à cozinha. a bancada é muito alta. se me pegares, com toda a tua força, e me pousares em cima dela não fico onde me queres. a mesa. sim!, a mesa é mais baixa. e também temos as cadeiras em que te podes sentar e eu faço-me como que esquecida e sento-me em cima de ti, de frente ou detrás, como quisermos no momento. o quarto. ai, não gosto de rotina. abomino. continuo. ah, lembrei-me!! na garagem, a tua mota. mas não é cómodo. em alternativa, a cozinha do quintal. a arca virada ao contrário ganha comprimento para nós, com as almofadas dispostas a gosto. o jardim já está vedado. em noites quentes as cadeiras não estão empilhadas. tenho os cenários congeminados. oiço o abrir da porta. és tu.