o que em ti é estranheza para mim, faz-me martelar em forma de
indagações reiteradas com finitude longínqua, mas faz-me, também, palpitar e
prolongar-me o entusiasmo e o desejo retumbante.
o tempo não perdoa, mesmo que supliquemos que espere um pouco, que se
retenha um pouco, que nos permita comprazer com o que não temos sempre. o tempo
é constante, mas a saudade por ti - há quem diga, a saudade de nós
próprios, o amor-próprio, quando junto a outro - nega-me esta constante e fica
a perceção de ab initio do infinito.
a saudade deixa-me suspensa no que foi, no
que queria que fosse, no que deveria ter sido. a saudade fratura-me a vontade
de desejar apenas o que é.
sempre preferi esta angústia dilacerante, porque me permite ter
esperança. esperança do quê, não sei. nunca soube. talvez, esperança de
continuar a sentir o palpitar, o entusiasmo e o desejo retumbante,ad ephesios.
Esquecimento do que
fui, contigo, enquanto a serenidade residia em mim. A meta para a serenidade
é deixar de ser quem sou.
A brisa sentida nos corpúsculos
de Krause açoita-me a alma como brasa e faz esvoaçar-me os pensamentos ainda
não olvidados.
Não sei se me queres. Não
sei se não passo de passatempo. Certa estou que há uma clivagem largamente
mirada entre os nossos quereres. Vislumbro o vazio. O vazio deixado aqui em mim, por
não agires. O vazio no teu olhar. Só opacidade!, vejo. Opacidade sem
brilho. Vazio. Porque quero eu, então, o vazio que há em ti? Não sei
porquê. Só sei que continuo a querer contemplar o teu olhar, mesmo que repleto
de vazio.
Mais certa estou, pois
mais certo é, de não queres fazer parte de escândalos. Não queres ser emblema em
tema. Sabido é que, os escândalos
dos outros soam a novidade que ocupa mentes e traz tema sem lema e com emblema.
Sabido é que, os nossos escândalos nunca nos entrelaçam no encanto e espanto.
Eu desejo-te ou desejo
tanto este desejo (nunca soube a diferença, como sabeis!) que me disponho a escândalos.
Quando junto a ti, tudo passa a pormenor. Tudo passa a resto.
Nunca vos pedi a opinião, mas vocês dão-na. Mas claro está, não a mim, porque
nunca a pedi e mais confortável para vós, até, dão-na ao mundo sem mim. Assim,
podereis dizer o que desejardes, porque não me têm para refutar, ou, só, argumentar.
Não vos censuro! - também, vos ofereci em forma de opinião os meus juízos de
valor. E mais injuriosa sou, pois os meus juízos repudiavam nos outros o que
penso hoje em cometer.
Opiniões!...
Por vezes, as opiniões distorcem a verdade,
sempre tão escorregadia, pensando na verdade como a vivida, vista e sentida no
plano real.
Se quereis reconstruir a verdade, solicita
todas as versões aos actores. Assim, estarás mais próximo do cenário realista
da realidade, da verdade que, provavelmente não querias ouvir. Assim, filtras o
teu portador da verdade e tens o teu gerador da verdade - o estado dos factos. Assim,
estarás mais próximo da verdade que me desculpabiliza.
Em rol de maldizeres, nunca perguntaram pela
minha versão da minha verdade. E sei o porquê. Porque a verdade, - verdade seja
dita! -, é o que cada um quer que ela seja. Subjugamos a verdade ao que queremos da sua essência na nossa essência. A verdade pode ser útil. A verdade
pode ser mais interessante. A verdade pode ser um bálsamo. Cada um escolhe e
crê na verdade que mais se aproxima ao que deseja que ela seja e não ao que é. A
verdade é que, escolhemos os geradores de verdade como os nossos mais apreciáveis
verazes, mas, nem sempre verdadeiramente confiáveis. Contrassenso? - Não! É
sabido da invariância da verdade, dependendo, até, de quem se quer sentenciar à
injuria.
Uma verdade vos digo: não sou honesta
para mim, porque não sei como se faz. Serei um ser não verdadeiro, porque não o
posso ser, e criei um ser postiço, longe da minha própria natureza
ditosa, copiosa, e …. odiosa. Odiosa por mim própria. Mas não sei ser este meu ser de outra
forma.