quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

SÓ….MAS NUNCA SERÁ SÓ.

Sinto-me etilizada em corpo letárgico, abandonada com o fragor dos devaneios. Sempre senti o escamotear da sensatez nestes instantes que deixo furtar ao sono. As insónias são trazidas pela vontade de ter memória dos nossos olhares que se entrelaçaram em trocas dos segredos partilhados, mas não perfilhados pelos julgares dos outros. Quero sonhar com o disponível em memória para que todo o resto seja nada, deixando também sonhar a promessa do impossível, porque sei que me privo dele assim. Nunca li o epílogo dos desvarios, por presumir que não gosto do seu termo. Porque recorrerei eu aos sonhos como móbil para o entusiasmo pela vida, vedando as vistas às vicissitudes do agora? O vazio que deixo coabitar em mim, sem deixar espaço de coexistência a todo o resto, crava-me à índole da alma um caos que tanto me apraz, recolhendo no entanto todas as vontades e dando a mão à apatia. Mas, também não necessito das vontades, porque de nada valem quando não há oportunidades. Enfim, só….mas nunca será só.

menoita, elsa in: nas águas do verso, 2008