sábado, 29 de setembro de 2007

Hoje tornei a ver-te..olhos nos olhos...

Hoje tornei a ver-te. Hoje os nossos olhares tornaram-se a cruzar, inevitavelmente.
O teu olhar negro torna-se carregado na tua tez morena. Os teus olhos cativam o meu querer. Um olhar sedutor de um negro provocante.Tremelico. Hesito no sentido do olhar. Deixo-me perder em ti, de quando em quando. Deixo-me hipnotizar, porque gosto de tremelicar. Sentiste no meu olhar a melodia das palavras caladas? Sentiste no meu olhar os meus anseios contidos e escondidos? Aguardo pelo teu olhar.

almas insufladas guerras desejadas



"O que incita as pessoas a erguerem o punho, a pegarem numa espingarda, a defenderem juntas causas justas ou injustas, não é a razão, mas a alma hipertrofiada.

(...)

Na origem da sua luta encontra-se um amor exacerbado e insatisfeito pelo seu eu, ao qual ele deseja dar contornos bem nítidos, antes de o enviar (realizando o gesto do desejo de imortalidade (...) para o grande palco da História sobre o qual convergem milhares de olhares. (...)


A existência de ideias, cujo valor é considerado mais alto do que o da vida humana. E qual é a condição das guerras? A mesma coisa. Obrigam-te a morreres porque existe, dizem, alguma coisa que é superior à tua vida. A guerra só pode existir no mundo da tragédia; desde o começo da sua história, o homem apenas conheceu o mundo trágico e não é capaz de sair dele. A idade da tragédia só pode ser encerrada por uma revolta da frivolidade. (...) A tragédia será banida do mundo como uma velha cabotina que, com a mão no peito, declama em voz áspera. A frivolidade é uma cura de emagrecimento radical. As coisas perderão noventa por cento do seu sentido e tornar-se-ão leves. Nessa atmosfera rarefeita, desaparecerá o fanatismo. A guerra passará a ser impossível."

Milan Kundera

domingo, 23 de setembro de 2007


Duvidar de si mesmo é o primeiro sinal de inteligência
(Ojetti, Ugo)

É preciso ter dúvidas. Só os estúpidos têm uma confiança absoluta em si mesmos.
(Welles, Orson)


sexta-feira, 21 de setembro de 2007

hoje


hoje nada desejo. hoje ninguém desejo. sinto-me estranha por sentir falta do sentir da falta. hoje sinto-me tão indiferente ao desejo de ontem. hoje vazio. hoje o vazio empurra-me para a dança. yupi!!! dançar até suar.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Encontrei a voz dos ditadores. Encontrei o rosto da fome


Vocifera-se a pena
em discursos cuspidos
que nunca salvou o seu penar.
Entre apertos de mãos
acorda-se quantas migalhas se vão despejar
sem a fome calar.

Oferecidos ao solo
pereceram já de sentença registada à nascença
pela posse de melanócitos acusativos da vislumbrada diferença.
Diferença móbil para ditar o dialecto do poder.

Encontrei-os já de mucosas cianosadas
em semblantes apáticos
em corpos prostrados.
Serão depois apenas matéria que será esvanecida
restando, apenas para alguns de nós, a memória sequiosa de ser esquecida.

sábado, 15 de setembro de 2007

para quando me leres: foi hoje...


Hoje conheci-te. memorizo este dia.
Hoje conheceste-me. memoriza este dia

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Reticências da vida não me deixam caminhar

Parte I Julgo a minha vida tão oca de vazios misteriosos. Parece o desfrutar de toda aspiração. Julgo a minha vida tão recheada por tudo apreciável pelos curiosos. Parece um aglutinar do esvaído que sobrou da fumaça que sofrera expiração. Julgo a minha vida tão sem nada entre as cortinas. Parece um novo sentido nos ponteiros que norteiam as rotinas. Julgo a minha vida tão cheia de tudo o que é intolerável pelos invejosos mirado nas suas retinas. Parece a utopia em que todos ambicionam acreditar. Julgo a minha vida um embalo para o éden eu visionar. Parece um sorriso que se rasga em riso na fácies e esta se esfregar na fronha de cor âmbar.
(...)

Parte II
Mas se assim é, porque me sinto eu assim?(...)
Parte III
Será ela incompleta ou serei eu que nem sequer sei o que rematar? Serei feliz por ela estar incompleta? Desejarei eu o facto de faltar uma sua parcela, a descobrir, para continuar a sentir o sentido da falta? Terei eu inventado quase desde sempre o poder da falta? Terei eu descoberto o segredo da minha ventura ao ter inventado o que me incompleta? Serei eu de matriz ditosa ou inventei-me de tanto acreditar que sou assim? Continuo sempre com um sorriso para às escondidas definhar em curtos e sumidos ecos que vou escutando desde sempre e para sempre, ao que parece.(...)
Parte IV
A esperança nunca foi amiga para prosseguir para a tão desejada quimera. A esperança nunca deixou fazer o divórcio do pretérito que ainda deixo restar nesta agrura. A esperança é aquela que transporta toda a culpa que descarrego de cima dos ombros do desejo que auguro. A esperança lança-me os sonhos para os olhos como de poeira nefasta se tratasse para um são acordar. A esperança desenha-me o futuro que desejo e que se entrelaça com a virtualidade como parasita afastando-me da realidade que até nunca me amargurou.
(...)

Parte V
Porque me sinto eu assim, se sou feliz?
(...)
as reticências não me deixam caminhar
(...)

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Querido presidente do mundo!!

Querido presidente do mundo dedico-lhe mais uma publicação para si.

sinto-me...

Sinto as pálpebras cada vez mais a pesarem-me. Forço por as manter abertas. A força de gravidade contraria-me a pouca vitalidade aliada à meia vontade. Pestanejo para despertar-me os sentidos e não dispersar as sensações. Desisto. Fecho o olhar. Sinto-me.
De mãos atadas sinto a pele, parecendo que tacteio a epiderme e não sendo ela que me permite sentir o mundo com os seus receptores de merckel. Sinto as rugas periorbitais, como se de repente tivesse deixado fugir todo o colagénio e elastina de ontem para hoje. Franzo a testa. Sinto a pele endurecida nesse espaço do meu rosto, coberto com uns folículos pilosebaceos compridos, caídos, leves, negros que não me passam despercebidos ao entender o meu rosto. Sinto o ar a invadir-me entrando pelas narinas, lembrando-me que o respiro. Ar profundamente inspirável, vida acrescida, parece. Esboço um esgar, a que chamam de sorriso. Sinto-me.