quarta-feira, 18 de julho de 2007

A solidão não se mede em metros


Estou só. Não sei se me apetece deixar de estar só.
A solidão sempre me acompanhou até à independência, mas também me prometeu coloração à melancolia. Não procuro companhia. Se quisesse companhia procurava na religião o reconforto sempre presente.
Agrada-me estar virada para a parede, e não me voltes. Deixa-me só nesta sala exígua, em que me perco para me reencontrar. Parece tão egocêntrico a necessidade de olhar para dentro de mim. Julgo que sempre que me olho em solidão vejo os olhos da multidão. E aí vos compreendo.


Como sabes, sempre considerei que é fácil viver dentro das conformidades da multidão, como também o é viver de acordo consigo próprio na solidão. Fujo da unicidade exprimida sempre em uníssono, mas recolho-me na solidão, continuando a acomodar-me nos facilitismos que não magoam. Não obstante, estando só costumo atrever-me à exposição, gritando, – e tu sabes que é verdade!, o que todos pensam pela surdina quando estão sós. Quando estou só estou livre.

Não julgues que a solidão é medida. A solidão não é medida é sentida. A solidão não é medida pelas milhas de espaço que distam entre nós e os nossos iguais. A solidão não é medida, só sentida enquanto esperamos deixar de estar acompanhados pela solidão.

Estou só e feliz enquanto espero deixar de estar só.
Estou só e não sei se me apetece deixar de estar só.

10 comentários:

Estrela do Sul disse...

Lindo....Lindo...

E como te compreendo minha amiga. Por vezes a solidão é tão bem vinda. Fechar os olhos e os ouvidos, escaparmos do Mundo, ouvir o silêncio dos nossos pensamentos. Fugirmos das tristezas (nossas e dos outros). Nada! Só vazio, espiritual e temporal.

Beijo amigo

Mário Rodrigues
http://estreladosul.blogs.sapo.pt

®efeneto disse...

Estou só. Absolutamente só.
nada, ninguém, nem uma voz
um canto, um grito
no silêncio pesado das ilusões perdidas,
‘ tão só eu estou
que até a inspiração me abandonou.
-Nem uma lagrima, uma dor, uma revolta
NADA.
Apenas talvez a vaga consciência desta solidão pesada...
No silêncio que se faz á minha volta
oiço o palpitar do coração em decadência
manso, já teve, que nem só agora
só é meu ainda, se vai já p’lo espaço fora.
Vagamente.
Nem um susto, um viso, uma voz,
nem um promito em alvoroço, um canto
me aflora.
Nem um grito, uma revolta, um pranto,
uma inspiração só que fosse,
NADA.
Estou só, absolutamente só...

EFENETO
para si amiga, por vezes é bom estar só...beijo amigo.

Elsa Menoita disse...

Doce efeneto...um aceno daqui para aí.

Mário Margaride disse...

Olá Elsa,

Amiga e vizinha de outras andanças.

Obrigado pela visita e comentário.

Em princípio não sabia quem eras, depois é que vi esras tu.

De facto a solidão não se mede em metros. Mas sim no que sentimos dentro de nós, que nos asfixia, e nos castra os sentidos, e as emoções.

Beijinhos

Fallen19 disse...

Por vezes a solidão torna-se um vício difícil de largar.

®efeneto disse...

...no dia da Amizade venho dar um abraço amigo...

®efeneto disse...

Porque a amizade além de contagiosa é totalmente incurável. Os autores do espaço “Almas Poéticas” vêem aqui depositar um pouco desta “doença”...um beijo/abraço de amizade.

Páginas Soltas disse...

Belissimo texto... Ao falares sobre a solidão!

Como te comprrendo!!

Beijinhos minha querida

Maria

lua prateada disse...

Amiga Deus colocou no nosso coração o sentimento da amizade para que não caiamos no abismo do desespero, e não nos afoguemos no meio das derrotas.FORÇA miga.Beijinho com carinho da
SOL

Anónimo disse...

A solidão habita em muitas e muitas almas. Tantas ....
A escolha muitas vezes é entre admitir que se deseja estar só ou admitir que outras solidões se nos colem...

Hj vim dar-te um abraço, agradecer teres-me conduzido até aqui,

Um beijo, Elsa, até já ... ali na nossa casa comum (Luso)

Mel
www.noitedemel.blogs.sapo.pt
www.maresiademel.blogs.sapo.pt