sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Felicidade...o que nos diz Aristóteles...


Felicidade é ter algo o que fazer, ter algo que amar e algo que esperar...

Aristóteles

A felicidade é o fim completo da vida humana, o único fim que não visa promover um outro fim. A felicidade é um fim em si mesmo que consiste numa acção virtuosa. Não é um estado, mas sim uma actividade, a mais auto-suficiente de todas.


Aristóteles acreditava em três patamares para se ser feliz: o 1º: uma vida de prazeres e satisfações; 2º - uma vida como cidadão livre, responsável, que procura o fazer o bem; 3º - procura da verdade. Neste último patamar ele aponta para uma vida como pesquisador e filósofo. Para tal é necessário tempo livre. Ninguém pode estudar sem momentos de ócio. Quem dedica todo o seu tempo à conquista da sua sobrevivência ou à procura gananciosa de mais riqueza dispõe de pouco tempo livre.

A característica fundamental da moral aristotélica é o racionalismo, visto ser a virtude acção consciente segundo a razão, que exige o conhecimento absoluto, metafísico, da natureza e do universo, natureza segundo a qual e na qual o homem deve operar.

Uma doutrina aristotélica a respeito da virtude, embora se apresente especulativamente assaz discutível, é aquela pela qual esta é precisamente concebida como um justo meio entre dois extremos (não devemos ser nem covardes, nem audaciosos, mas corajosos, nem ser avarentos, nem extravagantes, mas generosos). Este justo meio, na acção de um homem, não é abstracto, igual para todos e sempre; mas concreto, relativo a cada qual, e variável conforme as circunstâncias, as diversas paixões predominantes dos vários indivíduos. Portanto, para ele não implica que, apesar da virtude ser um hábito, todos nós não façamos desvios na nossa trajectória de vida por deliberação e decisão, desde que não caiamos nos extremos, ficando retidos neles, agarrados a um vício. Deve-se retomar o meio dos dois extremos, fazendo o caminho a caminhar. Se a virtude é, fundamentalmente, uma actividade segundo a razão, mais precisamente é ela um hábito segundo a razão, um costume moral, uma disposição constante, da vontade, isto é, a virtude não é inata, como não é inata a ciência; mas adquiri-se mediante a acção, a prática, o exercício.

Ora, esforçar-se e trabalhar com vistas na recreação parece coisa tola e absolutamente infantil. (...) A relaxação, por conseguinte, não é um fim, pois nós a cultivamos com vistas na actividade.

Aristóteles


O conceito de felicidade para Aristóteles é inverso a uma vontade de parar. O cansaço, talvez causado por uma falta de propósitos, assola a muitos. Não imaginam o que sempre me abalou quando os jornalistas perguntam às pessoas o que fariam se ganhassem o euromilhões. A resposta corrente é transversal a uma maioria: passa sempre pela vontade de parar. Para Aristóteles felicidade é agir. Constantemente. E agir bem, graciosamente, na justa medida: no tempo correcto, na intensidade correcta, na direcção correcta. Mas esta busca pelo bem Aristotélico não tem nada em comum com o conceito de bem cristão: Não está ligado à bondade e à resignação. Mas é sim um bem viver, ligado à excelência (bem fazer). E também não é uma idealização retórica ou utópica, separada de nossa vida prática. É algo que podemos efectivamente alcançar em nosso agir, tornando-nos mais felizes em cada mínimo acto.
(o supracitado é o corolário do que aprendi nas aulas de ética, de trechos da net e de alguns pareceres meus. )

És feliz? Eu?

O primeiro patamar alcancei-o como uma necessidade básica humana. O segundo patamar consegui atingir assim que fui enfermeira, que tanto me realiza. No entanto, como devem ter reparado sempre considerei-me estranha, no sentido de não me conhecer. Hoje penso que nunca me deverei conhecer. Nem o quero. Porque esta procura da minha verdade deixa-me mais feliz do que se já achasse que me conhecia. Achar, sublinho. Tentar contemplar, em frustres momentos, a consciência anónima traz-me confusão, mas deixa-me no último patamar defendido pelo autor. Procurar na fundamentação tão reiterada pelos outros tento encontrar a minha verdade. Não só contemplação. Encontrar o mundo quero faze-lo a caminhar e a procurar nas páginas as respostas. (O curso de filosofia abrir-me-á janelas. As portas quero-as fechadas.)


18 comentários:

Cöllybry disse...

Os bons momentos, juntos se faz a felicidade, nesta vida tão efémera


Doce beijo

Buda Verde disse...

tudo muito bom. mas é tudo muito efêmero.

Espaços abertos.. disse...

Felicidade um dos conceitos mais vastos e por vezes um patamar tão dificil de atingir.
Bom início de semana
Bjs Zita

Ana Jones disse...

"Happiness is not something ready made. It comes from your own actions."

"The purpose of our lives is to be happy."

Dalai Lama

:D

ou seja, a felicidade conquista-se, não se pode comprar, nem roubar... so seremos verdadeiramente felizes, se formos verdadeiros com a nossa própria essência...

*SP Sentimento Puro disse...

Muito bom texto.
Ainda sob a ótica de Aristóteles, a excelência peculiar do homem é o seu poder de raciocínio; isto é o que lhe permite superar e governar todas as outras formas de vida.E assim como o surgimento dessa faculdade lhe deu a supremacia,assim também podemos presumir, seu desenvolvimento lhe dará a auto-realização e a felicidade.

Abro portas e janelas...deixo que venham questionamentos, permito-me sair sem que nada assim me impeça,numa constante busca do auto-conhecimento...sou natureza, estou em constante devir.
Ah! este ócio construtivo...transporta-me para as escadarias da escola de Atenas,quando.........;

Adorei!!! Adorei!!!
Se possível traz-nos mais questionamentos, traz-nos mais Platão,Espinosa,Voltaire,Kant,Sócrates,Descartes, Nietzsche...;

Beijos e obrigada por este momento de reflexão,

Obrigada por sua sempre bem vinda visita.Outro beijo.

Elsa Menoita disse...

seremos infelizes enquanto procuramos a felicidade, a olhar para o céu, para ver se temos a "sorte" de sermos os privilegiados dela nos cair estatelada nas nossas vidas e de lá ficar instalada?
seremos pessoas infelizes, porque de quando em quando nos aparece momentos tristes, que nos trazem lágrimas ao rosto?
serão os infelizes ingratos pelos momentos que lhes deixam o sorriso?
seremos tendencialmente infelizes por sermos egoístas e acharmos que merecemos (porque não fizemos mal nenhum a ninguem) mais do que temos?
temos uma vida infeliz ou somos infelizes?
seremos de natureza infeliz?
seremos tendencialmente depressivos e agressivos para com as vicissitudes da vida?

O Sibarita disse...

Oi menina! A felicidade está onde quer que estejamos...

O texto tá 10, muito bom mesmo!

bjs
O Sibarita

O Profeta disse...

Sabes onde mora a felicidade?


Às vezes solta-se do céu uma estrela
Às vezes um anjo perde-se da companhia dos seus
Às vezes varre o mundo uma estranha luz
Às vezes uma criatura anda perdida de Deus


Boa semana


Doce beijo

Buda Verde disse...

vim agradecer o ótimo complemente que você deixou no meu blog.

®efeneto disse...

Venho deste meio agradecer a sua manifestação de carinho e amizade. Há situações que não podemos controlar, mas o importante é que voltei e irei voltar aqui para colocar a leitura em dia…até já…

vida de vidro disse...

Para mim não existe Felicidade com F grande. Existem pequenas felicidades que nos vão alegrando a vida. **

O Sibarita disse...

Oi obrigado pelas bondosas palavras no nosso blog, você escreve bem, faça fé!

bjs
O Sibarita

Naeno disse...

POR UM TRIZ

Digamos que é querer demais
Que eu seja um espelho teu
Já refleti dormente,
Contente, o nosso amor.
O teu destempero me seduz
Me conduz, me reduz
Ao que sou
E assim já é demais.
Se a até hoje a gente foi feliz
Como quis, por um triz
Pra que destruir a nossa paz.

Um beijo
Naeno

®efeneto disse...

Se a bola e a arte
não me atraiçoam
prevejo para os próximos dias
mau tempo no litoral
no centro, a norte e sul de Portugal.
Instabilidade térmica
fortes ventos a soprar.
Se aqui não me encontrarem
É porque procurei refúgio
Na minha bola de cristal!

E porque as “férias” se acabaram
Resta-me lhe desejar
Bom fim-de-semana
Que eu p´ro “grito” vou esperar...

(beijo especial de amizade)

Chellot disse...

A felicidade é tão buscada, tão almejada que não percebemos que está dentro de nós. Tb tenho muitas dúvidas que gostaria de serem sanadas, mas tento viver de acordo com minha conciência e com meus sonhos.
Seu blog é interessante.

Beijos de Sol e de Lua.

Malu disse...

Não é moral aristotélica e sim ética.

Malu disse...

Não é moral aristotélica e sim ética.

Anónimo disse...

Somos felizes nos esporádicos instantes em que sentimos que tudo se conjuga e faz finalmente sentido...

Estou num desses instantes!

Hoje tudo se conjugou!

Hoje sou feliz....