terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Quero despir-me de mim





Quero despir-me de mim. Cansa-me este sentir infetado.

Não vejo luz. Sinto tanto a cicatriz da lesão nunca nascida. Será puro suborno quando em sopro te exponho que a lesão não foi parida? Autoinfligida?

Porque me atrai, como polo aposto, a confusão, o complexo? Para ficar perto do impossível?, para me distanciar de uma ténue possibilidade da aproximação do diferente meio desconhecido?

Esta observância pela minha obsessão por pessoas intrincadas com a complexidade é o meu modo eterno de me afastar delas?, estando sempre em segurança, alheada da divisão, da dívida que viria se fosse um tanto de inverso.

Infeto a possibilidade de revezamento do meu caminho, assim que escolho quem escolhi. Armadilho as relações, para as nunca tornar relíquias, porque nunca existiram. Só em mim. Mas trazem-me angústias, porque parece querer com todas as minhas forças já armadas derrubar o presente para salvar o premente futuro.

Sinto tanto que perdi o que não tive. Que significação se poderá dar a este não saber estar neste meu único estar infetado?

Quero despir-me de mim. Cansa-me este sentir.
Quero despir-me de mim e viver-te?

Sem comentários: